quarta-feira, 28 de novembro de 2007

CORREÇÃO DA REDAÇÃO - SARESP 2007

Secretaria Estadual de Educação
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas

REDAÇÃO DO SARESP 2007

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE A APLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS NA AVALIAÇÃO DOS TEXTOS PRODUZIDOS PELOS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL (4ª , 6ª E 8ª SÉRIES) E ENSINO MÉDIO ( 3a.SÉRIE) NA PROVA SARESP / 2007

ORIENTAÇÃO GERAL : As redações que não considerarem as determinações temáticas e textuais da proposta explicitada na prova (casos de fuga ao tema e/ou ao gênero) devem ser conceituadas, em todas as competências, no nível 1 (INSUFICIENTE).

CONSIDERAÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO DESSE CRITÉRIO
Na avaliação da prova de redação do Saresp não há previsão de textos com conceito zero, como ocorre normalmente nos tipos de avaliação (vestibulares, exames e concursos) que têm como objetivo definir quantos e quais candidatos podem ou mesmo devem, em virtude de seus desempenhos diferenciados no teste, ser selecionados; ou, ainda, contemplados, com o cargo, vaga, título, ou prêmio em jogo. Nessas avaliações, os textos que não atendem à proposta de redação não são pontuados, porque se entende que o seu produtor ou não compreendeu a proposta ou escreveu com base em uma outra, razões pelas quais, levando-se em conta os objetivos dessas avaliações, deve ser excluído e/ou penalizado.

A avaliação em Língua Portuguesa promovida pelo SARESP tem, entretanto, objetivos outros, essencialmente diagnósticos. Trata-se de aferir as capacidades e habilidades em leitura e escrita que os alunos puderam desenvolver no contexto da rede estadual de ensino, tomando-se como referências os objetivos de ensino definidos para as diferentes etapas da educação básica. Com base nesse diagnóstico, pretende-se, então, subsidiar um planejamento eficaz da educação pública estadual, em suas diferentes instâncias, assim como a elaboração de estratégias e programas voltados para o atendimento de demandas específicas detectadas pelo processo avaliatório.

Assim, não se trata de premiar ou penalizar. Os sujeitos avaliados pelo SARESP são, antes de mais nada, alunos, que pretendemos conhecer melhor como aprendizes para, conseqüentemente, promover seu mais adequado desenvolvimento.

O critério explicitado e comentado no caput deste documento insere-se, portanto, numa lógica de avaliação própria. A redação das provas do Saresp se expressa pela proposição de uma situação-problema, cujo desafio é o desenvolvimento, por parte do aluno, de um texto escrito. Para tanto, o aluno necessita, primeiro, ler a proposta. Ler implica compreender e interpretar, ou seja, atribuir um significado aos diferentes aspectos apresentados na proposta de redação. Neste momento, o que está escrito na proposta de redação é um meio ou um recurso para a produção de uma outra escrita, a do próprio aluno, que deve mobilizar tudo o que ele sabe, nos limites espaciais e temporais disponíveis para isso. Mas atribuir um significado à proposta implica, igualmente, destacar aquilo que o aluno considera relevante, aquilo que o toca, que o instiga e, portanto, se torna motivo de consideração.

Dois problemas básicos devem ser resolvidos no momento da leitura da proposta: sobre o que escrever (tema) e em que gênero e/ou tipo de texto escrever. A proposta de redação prioriza explicitamente esses dois aspectos em seu comando. O passo seguinte se expressa pela formulação de um texto, que é a própria finalidade da tarefa proposta. Outros passos, determinados pelos anteriores, então se apresentam: como escolher palavras, compor frases, criar imagens que evoquem o que se quer comunicar (coesão e coerência)? Como registrar o texto por escrito, considerando as determinações da proposta e o contexto de produção?

Há, portanto, uma interligação obrigatória entre a estrutura profunda do texto (tema e gênero) e a sua estrutura de superfície (coesão, coerência e registro propriamente dito), estabelecida pelas determinações da proposta e pelo contexto de produção definido pela situação, tipicamente escolar, em que o próprio teste se dá. Essa articulação, prevista pelas capacidades e habilidades listadas na matriz de descritores do Saresp, indica a proficiência em escrita do aluno. Assim, o atendimento às determinações da proposta de redação (tema, situação, gênero e/ou tipo de texto etc.) constitui-se, portanto, num fator básico de discriminação para se avaliar a produção escolar de um texto.


Uma vez que a planilha de avaliação do Saresp não prevê explicitamente “fuga à proposta de redação” nas competências relacionadas à coesão e coerência e ao registro , consideramos que o mais adequado é aplicar o nível 1 a todos os critérios de avaliação, no caso dos textos que apresentam o desenvolvimento de outra proposta. Com esse procedimento, assinala-se a insuficiência da produção, no que diz respeito ao atendimento às determinações temáticas e situacionais da proposta. Mas, ao mesmo tempo, não se ignora o fato de o aluno ter-se manifestado por escrito, um dado bastante relevante para o diagnóstico geral que o SARESP pretende fazer.

Com o objetivo de complementar a compreensão desse critério, retomamos aqui alguns princípios já descritos no Manual de Redação do Saresp 2007 :
1) A finalidade da prova de redação do SARESP é avaliar como cada aluno se coloca frente à situação-problema apresentada. Nessa produção, o aluno manifesta seu ponto de vista, assumindo dois papéis fundamentais: o de leitor da proposta e o de autor de um texto inédito a partir desta proposta. Diferentemente da prova objetiva, em que ele responde a questões fechadas, na prova escrita o aluno assume a autoria de um texto. Avaliam-se, portanto, conjuntamente, capacidades de leitura e de produção.
2) Para o Ensino Fundamental, os critérios de correção pretendem investigar se o aluno é capaz de:
compreender e desenvolver o tema proposto de acordo com o contexto de produção solicitado;
elaborar um texto de acordo com a estrutura padrão do gênero e/ou do tipo de texto solicitado;
organizar o texto de forma lógica e produtiva, demonstrando conhecimentos dos mecanismos lingüísticos e textuais necessários para a construção da narrativa;
utilizar os conhecimentos lingüísticos da norma padrão para o texto escrito.
3) Para o Ensino Médio, os critérios de correção pretendem investigar se o aluno é capaz de:
§ compreender e desenvolver o tema proposto de acordo com o contexto de produção solicitado;
§ elaborar um texto de acordo com a estrutura padrão do gênero e/ou tipo de texto solicitado;
§ organizar o texto de forma lógica e produtiva, demonstrando conhecimentos dos mecanismos lingüísticos e textuais necessários para a construção da dissertação;
§ utilizar os conhecimentos lingüísticos da norma padrão para o texto escrito;
§ elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando um posicionamento crítico e cidadão a respeito do tema.

4) Sobre a aplicação dos critérios:
I – Compreensão e desenvolvimento do tema proposto de acordo com o contexto de produção solicitado.
Deve-se considerar, neste critério, o atendimento às determinações temáticas e situacionais da proposta:
§ compreensão e desenvolvimento do tema solicitado;
§ direcionamento para o tipo de leitor para os objetivos do texto.


II – Elaboração de um texto de acordo com a estrutura padrão do gênero e/ou do tipo de texto solicitado.
É preciso observar se, ao desenvolver o tema/assunto, o aluno considera, em sua produção, os elementos próprios do gênero e/ou tipo de texto solicitado.
No caso da narrativa, deve-se verificar se o aluno observou os dados da situação, o foco narrativo, a personagem principal, um determinado espaço e tempo. É preciso também verificar se ele criou um problema/conflito adequado e se conseguiu resolvê-lo satisfatoriamente.
Em relação aos textos dissertativos/argumentativos, deve-se observar se ele consegue explicitar a tese defendida, apresentar encadeamento de idéias e progressão temática, oferecer elementos de apoio para comprovar suas hipóteses, construindo argumentos para a defesa do ponto de vista, selecionar, interpretar e organizar informações, fatos, opiniões e argumentos, estabelecendo uma relação entre eles.


III – Organização de um texto de forma lógica e produtiva, demonstrando conhecimentos dos mecanismos lingüísticos e textuais necessários para a construção da narrativa ou da dissertação.
Neste item, é importante observar como o aluno articula as partes do texto e também as idéias, se ele utiliza os recursos coesivos com vistas à adequada articulação dos fatos narrados ou dos argumentos, fatos e opiniões selecionados para a defesa do ponto de vista sobre o tema proposto.


IV – Utilização dos conhecimentos lingüísticos associados à norma padrão para o texto escrito.
O domínio da norma-padrão é progressivo, assim como a construção dos conhecimentos sobre os mecanismos lingüísticos necessários para a produção de um texto. Por isso, é importante levar em conta a adequação do conhecimento do aluno sobre esses aspectos à fase em que se encontra na educação básica. Devemos observar, neste item, se o aluno sabe utilizar a variante lingüística adequada ao tipo de texto solicitado e ao contexto de produção, se consegue apresentar uma seleção lexical adequada ao tema e ao tipo de texto solicitado, e também se é capaz de escrever com adequação às normas e convenções lingüísticas associadas à modalidade escrita. Entretanto, nos casos em que o contexto de produção o justifique, o aluno pode recorrer a uma outra variante lingüística (expressões/ estruturas regionais, por exemplo). Em casos assim, trata-se de adequação da produção do aluno à situação definida pela proposta de redação.


V – Elaboração de uma proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando um posicionamento crítico e cidadão a respeito do tema.
Este item é avaliado apenas nas produções do Ensino Médio e pretende levantar dados sobre a capacidade que o aluno tem de elaborar proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto, demonstrando em que nível de entendimento se encontra, no que se refere ao pensamento crítico e à ação cidadã. Está estreitamente associada à tese defendida pelo aluno e aos argumentos mobilizados, mas não necessariamente se confunde com eles. Nos casos em que a proposta de intervenção não está claramente expressa, será preciso avaliar em que medida a formulação da tese a contempla.

5) Redações que não atendem a nenhum critério: atribuir os conceitos B (branco) ou A (anulada).
A – Redação anulada — é aquela que se encaixa em uma das possibilidades abaixo:
§ revela muito pouco domínio do sistema de escrita;
§ é composta por letras isoladas ou frases inacabadas;
§ não vai além de uma ou duas linhas;
§ constitui-se como cópia do texto de referência da própria proposta;
§ traz apenas desenhos e/ou grafismos.

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